6 de outubro de 2024

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Roubo e furto de cargas

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Estudo traz panorama completo de onde os crimes ocorrem e tipos de mercadorias mais visados em São Paulo. Bandidos agiram, principalmente, nas principais cidades da Baixada Santista, que registraram aumento de 429% no último ano no roubo e furto de cargas

As cidades da Baixada Santista alvo de operações constantes da polícia em 2024 registraram uma explosão de violência em 2023. Os dados do Boletim Tracker-Fecap revelam que, de janeiro a dezembro do ano passado, os roubos e furtos de cargas cresceram 429% na região, na comparação com 2022. A cidade de Guarujá registrou alta de 8900%, seguida de São Vicente, com aumento de 1054%.

“Os dados revelam a gravidade da situação e a necessidade de ações coordenadas entre as forças de segurança, o setor de transportes e as autoridades locais para combater esse aumento da criminalidade”, afirma o coordenador do departamento de pesquisas em economia do crime da FECAP (Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado), Erivaldo Costa Vieira.

Para a diretora de marketing e vendas do Grupo Tracker, Ana Cardoso, essa alta pode estar relacionada “a uma adaptação tática dos criminosos, migrando de atividades menos lucrativas para o roubo de carga como nova fonte de renda; movimento este observado em outras regiões do país, como o Rio de Janeiro. Além da atuação das forças policiais, é preciso maior investimento das empresas em inteligência e itens de segurança”.

O levantamento também considerou todas as 24 cidades da região de Santos (inclui municípios da Baixada Santista e Vale do Ribeira), que registraram um crescimento médio de 156% nas ocorrências, em 2023, na comparação com o ano anterior.

São Paulo

Menos caminhoneiros foram vítimas dos criminosos, no estado de São Paulo, em 2023, mas ainda são registrados mais de 20 eventos por dia. É o que revela o Boletim Tracker-Fecap, que acaba de ser divulgado.

Entre janeiro e dezembro, o número de furtos de caminhões caiu 14% e o de roubos 30%, totalizando uma redução média de 27% nas ocorrências, na comparação com o ano anterior. Ainda assim acontecem, em média, cinco crimes desta natureza por dia, no estado.

“A redução no número de ocorrências é sempre uma boa notícia. Podemos correlacionar a evolução tecnológica aplicada nos veículos pesados junto com o acompanhamento da dirigibilidade do motorista. Essa combinação forma uma importante ferramenta de sucesso na redução do risco. O Grupo Tracker possui alta tecnologia diferenciada no mercado com redundância nos protocolos de comunicação com GPS/GPRS, radiofrequência e mais um canal autônomo. Esta tecnologia com inteligência embarcada aliada a uma operação robusta na área de comando com pronta-resposta terrestre e aérea são fundamentais na segurança do patrimônio do transportador”, destaca Ana Cardoso. 

Para Erivaldo Costa Vieira, a diminuição observada pode ser parcialmente atribuída à postura mais assertiva adotada pela Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP), que registrou um incremento de 8% no número de operações, em comparação com o ano de 2022.

“Como consequência, o número de recuperação de veículos cresceu 18% no mesmo período, passando de 41.927 veículos recuperados em 2022 para 49.366 em 2023. Quando a polícia intensifica os esforços em busca, recuperação e prisão dos envolvidos, envia um sinal forte aos criminosos, contribuindo para a redução do número de crimes”, analisa o coordenador. 

O estudo Tracker-Fecap também analisou os boletins de ocorrência referentes a cargas. Em 2023, houve uma redução de 14% nos roubos e furtos, na comparação com 2022. Foram 5929 ocorrências, uma média de 16 por dia.

No caso dos veículos pesados, a capital e Guarulhos são as cidades que lideram o ranking, o que se justifica pela densidade populacional. Chama atenção também o alto índice de ocorrências em Jundiaí, conhecida por infraestrutura de transportes, e Campinas, importante polo econômico do estado.

Os bairros mais perigosos são Vila Maria (34 eventos), Vila Leopoldina (19), São Domingos (16), Jaçanã (11), Vila Guilherme (9), seguidos por Jaraguá, Socorro, Jardim São Luis, Pari, Parque Novo Mundo e Perus (todos com 8 ocorrências).

O especialista da FECAP destaca a dispersão geográfica das ocorrências. Os dados indicam que, ao invés de se concentrarem em poucos pontos críticos, tais crimes estão distribuídos por toda a cidade, o que complica as estratégias de prevenção e resposta das autoridades. “Isso exige uma análise mais profunda dos padrões de crime, talvez através da utilização de tecnologias de big data e algoritmos preditivos que podem mapear tendências emergentes e orientar a alocação de recursos de forma mais eficiente e em tempo real”, diz Erivaldo.

O estudo também tem implicações para as estratégias das empresas de logística e para os seguradores. “O padrão disperso dos roubos e furtos indica que medidas de segurança não podem ser apenas localizadas, mas devem ser extensivas e integradas, potencialmente incluindo sistemas de rastreamento aprimorados, protocolos de resposta rápida e treinamento de motoristas para práticas de direção defensiva”, alerta Ana Cardoso.

Cidades

Quanto às cargas, os dados do Boletim Tracker-Fecap revelam que as cidades do litoral estão na mira dos criminosos. São Vicente, Praia Grande e Guarujá estão entre as 10 mais perigosas. Isso mostra uma clara relação com a expansão do crime organizado na região.

Na capital paulista, os bairros com mais ocorrências são os mais afastados do centro, “que evidenciam uma problemática mais ampla de segurança urbana nas áreas periféricas da cidade”, afirma o coordenador “Nestas regiões, há um perfil específico dos bens visados: itens de baixo valor individual, porém de alta liquidez, como alimentos, cigarro e bebidas, que são atraentes para os criminosos devido à facilidade de revenda em mercados informais e com baixa fiscalização”, finaliza Erivaldo.

Bruno Castilho

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