27 de julho de 2024

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Situações climáticas na América do Sul desafiam transportadoras. Recente nevasca no Chile mostra que as empresas precisam aplicar plano de ação estratégico para cada território circulado

A criação do Acordo sobre o Transporte Internacional Terrestre entre os Países do Cone Sul (Mercosul), na década de 1990, composto por Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Peru, Paraguai e Uruguai, possibilitou a circulação segura de bens e de pessoas entre os países acordados. Dessa forma, as normas do tratado prevêem diversas documentações oficiais que devem ser portadas durante o transporte terrestre de mercadorias.

Segundo a Uxcomex, empresa consultora em gerenciamento de processos do transporte, em 2019, o Brasil exportou um valor somado de 225,383 bilhões de dólares, fazendo com que o modal rodoviário seja responsável por cerca de 2,5% do valor total. Com isso, o território brasileiro é referência nas mercadorias transportadas nas malhas internacionais.

Porém, as empresas que obtêm o serviço do Mercosul sofrem com alguns desafios na realização de suas atividades, e o principal, descrito pelos profissionais da área, é a infraestrutura de um país para o outro.

Recentemente, uma forte nevasca na Cordilheira dos Andes, no Chile, atingiu a estrada que liga a fronteira com a Argentina. Devido à situação climática, um congestionamento na rodovia foi criado, embargando cerca de 500 caminhões. As pessoas tiveram que ser socorridas pelas autoridades locais, pois o clima chegou a atingir -18°C.

Danilo Guedes, presidente da ABC Cargas, empresa que atua no transporte internacional, destacou os cuidados que a organização teve durante esse momento de tensão, já que alguns de seus caminhões e motoristas estavam no local.

“Em primeiro lugar, tivemos todo o cuidado com os nossos motoristas, e depois com as cargas dos nossos clientes. Temos 25 anos de experiência, e fatores climáticos como esses acontecem. Contudo, nossa expertise nos deu tranquilidade para tomarmos as melhores decisões”, relata o executivo.

Quem realiza operações na Cordilheira do Andes afirma que é normal encontrar algumas situações climáticas ou até mesmo as estruturas das rodovias que prejudicam o andamento da viagem. Dessa vez, porém, foi algo diferente na forma como a nevasca se apresentou, chegando a acumular até 1,4 m de altura de neve.

Devido a essa situação ainda mais complicada, as empresas que foram afetadas e tiveram as suas operações estagnadas por conta da nevasca agiram rapidamente para ajudar os seus colaboradores a enfrentarem o momento com menores dificuldades possíveis.

Danilo complementa que o momento exigiu muita atenção e cautela para ajudar a todos.

“Resgatá-los com segurança e encaminhá-los para locais com condições mínimas de conforto foi muito desafiador, mas com o auxílio das autoridades locais a situação foi contornada. Depois disso, nossa operação cuidou para que as mercadorias dos nossos clientes estivessem, também, em segurança”.

Além da preocupação com a vida das pessoas que se encontravam no local, muitas organizações tiveram suas operações paradas por não conseguirem viajar até o seu destino, o que causou prejuízos econômicos.

O presidente da ABC salienta a importância da comunicação com os clientes para que essa administração seja menos impactante a eles. “Tivemos prejuízos financeiros e um acúmulo de cargas para serem enviadas. Porém, temos que saber lidar com esse tipo de intempéries e conduzir a situação com os nossos clientes da melhor forma”, descreve.

Esse cenário só retrata alguns empecilhos que as transportadoras carregam, apesar da situação climática não ser algo controlado. Planejamento estratégico e treinamentos são pontos considerados essenciais para as empresas continuarem se desenvolvendo e para que o impacto diante dos gargalos seja menor.

“A transportadora também precisa fazer o seu papel e ajudar na capacitação dos seus motoristas, os ajudando dessa forma a enfrentar diversas situações, inclusive climáticas. Sempre disponibilizamos treinamentos e projetos internos e afins para auxiliar em suas atividades, além de manter nossas frotas atualizadas e capacitadas para esses tipos de gargalos”, relata Danilo Guedes.

Ainda assim, mesmo com alinhamentos para os impactos serem menores, o empresário diz que existem limitações nessas ocasiões, pois não existe controle sobre os cenários climáticos.

“Não há muito o que antecipar com relação a fatores climatológicos. Às vezes podemos estar no meio da estrada, pode cair neve e é tudo interrompido no trânsito. O que fazemos diariamente nesse período é acompanhar as previsões do clima, criar planejamentos mais assertivos com base nesses dados e contar com um pouco de sorte”, finaliza.

Bruno Castilho

bruno@cargasetransportes.com.br

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