Eletrificação e desafios
3 min readA eletrificação na cadeia do frio e os desafios brasileiros. Segundo articulista, o tema da eletrificação vem ganhando destaque como solução para a descarbonização da economia, inserindo-nos em uma nova era da logística eletrificada
O setor de transporte de cargas está em meio a uma transformação crucial, impulsionada pela necessidade de reduzir o aquecimento global e por inovações tecnológicas. Nesse contexto, a adoção de caminhões elétricos emerge como uma solução promissora para a cadeia do frio, marcando uma tendência crescente no cenário logístico mundial.
O tema da eletrificação vem ganhando destaque como solução para a descarbonização da economia, inserindo-nos em uma nova era da logística eletrificada, alinhada aos objetivos ESG (Ambientais, Sociais e de Governança). Essa é uma jornada que todos os fornecedores de logística devem trilhar, uma vez que um número crescente de clientes demanda soluções de transporte mais sustentáveis.
A cadeia do frio não fica à margem dessa transformação. A Thermo King, referência no setor, anunciou em agosto de 2021 um investimento significativo de mais de US$ 100 milhões para desenvolver produtos elétricos em cada segmento da cadeia do frio em escala global.
Na América Latina, a empresa já oferece produtos 100% elétricos em seu portfólio, como os modelos B-100 e E-200, aplicáveis tanto em caminhões a combustão quanto em caminhões 100% elétricos. Esses produtos são conectados diretamente à bateria de baixa voltagem do veículo, demonstrando a versatilidade da eletrificação na logística.
O lançamento recente do EV-500, em outubro deste ano, representa um marco na região. Este é o primeiro produto da Thermo King desenvolvido especificamente para caminhões 100% elétricos de alta voltagem. Com uma capacidade de refrigeração de até 4300 Watts a zero graus Celsius, o EV-500 destaca-se pelo controle preciso de temperatura e eficiência energética. Sua tecnologia inovadora visa não apenas atender às demandas da cadeia do frio, mas também reduzir o consumo de bateria, posicionando-se como um produto inteligente na era dos caminhões elétricos.
O mercado brasileiro, diante dessa tendência global, está avançando, mas enfrenta desafios distintos. De acordo com a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), o Brasil tem registrado recordes mensais de vendas de veículos leves eletrificados. No entanto, obstáculos como a infraestrutura limitada para carregamento colocam o país em posição desafiadora, ocupando o 20º lugar no índice global de infraestrutura de carregadores para carros elétricos.
Além disso, o alto custo dos caminhões elétricos, que pode chegar a ser três vezes maior em comparação com os modelos a combustão, representa outro desafio a ser superado. Apesar desses entraves, empresas do setor de logística no Brasil estão adotando caminhões elétricos em suas frotas, começando pelo last mile, onde a autonomia das baterias demanda um planejamento eficiente das rotas de entrega.
Para avançarmos significativamente nesse mercado, o Brasil precisa implementar uma transição planejada para os veículos elétricos. Metas de sustentabilidade e incentivos governamentais são essenciais, assim como investimentos em pesquisa e desenvolvimento para agilizar e aprimorar os processos de eletrificação. O desenvolvimento de cadeias de produção locais para componentes e matérias-primas é crucial para tornar os veículos elétricos mais acessíveis, reduzindo o custo total de propriedade (TCO) em comparação com os veículos a combustão.
Além disso, um investimento substancial em infraestrutura de carregamento é fundamental para sustentar o crescimento do mercado e facilitar a transição para essa nova era sustentável. Em suma, a eletrificação na cadeia do frio é uma realidade inevitável, e o Brasil tem a oportunidade de liderar essa transformação, superando desafios por meio de medidas estratégicas e investimentos adequados. O caminho para uma logística mais sustentável está traçado e é hora de acelerar a transição para uma frota de transporte de cargas mais limpa e eficiente.
Artigo de Marcel Souza, gerente de produto Thermo King América Latina