Eletrificação fria
Eletrificação das frotas na cadeia do frio: grandes oportunidades e desafios no Brasil. No país, já são mais de 1,2 mil caminhões e ônibus elétricos emplacados desde 2021, segundo a Anfavea, evidenciando um futuro promissor
Com o compromisso contínuo de grandes empresas da indústria de alimentos e de refrigeração para reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE), somados a uma pauta consistente de ESG (sigla em inglês para meio ambiente, social e governança), a eletrificação de frotas e a aplicação de soluções hibridas na cadeia de frio está em uma trajetória de expansão vigorosa. No Brasil, já são mais de 1,2 mil caminhões e ônibus elétricos emplacados desde 2021, segundo a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), evidenciando um futuro promissor.
Os investimentos necessários de infraestrutura e a autonomia dos veículos elétricos apresentam alguns desafios que devem ser superados ao longo do tempo com o ganho progressivo de escala, impulsionado pelas demandas dos setores alimentício e varejista.
De acordo com um relatório da consultoria McKinsey, as principais preocupações dos brasileiros em relação à adoção de veículos elétricos incluem o acesso a pontos de recarga, autonomia, ciclo de vida da bateria, preço, custo de manutenção, segurança, qualidade, revenda, disponibilidade de modelo e design. Outro fator importante a ser considerado é o treinamento intensivo para motoristas de veículos elétricos, visando maximizar a eficiência e autonomia dos caminhões.
Grandes transportadoras de alimentos frigoríficos e conglomerados do setor varejista têm liderado as iniciativas de descarbonização de suas frotas, tanto no Brasil quanto em outros países da América Latina, como México, Chile, Colômbia e Uruguai. Essas iniciativas envolvem o uso de veículos 100% elétricos (Battery Electric Vehicles – BEV) ou híbridos (Hybrid Electric Vehicles – HEV), movidos por motores de combustão interna a hidrogênio ou gás natural.
Montadoras como JAC, BYD, Foton e Volkswagen desempenham um papel significativo nesse processo, com unidades já homologadas para atender este mercado. Ainda assim, carecemos de iniciativas governamentais robustas, como a redução da carga tributária para incentivar pesquisas e o desenvolvimento no setor.
No que diz respeito às oportunidades de eletrificação na cadeia do frio, observamos um crescimento na distribuição urbana de alimentos refrigerados e congelados. Para a cadeia primária onde as distâncias percorridas são mais longas, ainda existem alguns desafios a vencer. Neste cenário, os veículos com tecnologia híbrida e combustíveis alternativos de baixa emissão podem ser a solução mais adequada no momento.
Os benefícios para o setor também incluem o atendimento aos compromissos das empresas com metas agressivas de redução de GEE, economia de combustível a longo prazo e mitigação de impactos potenciais do aumento global do preço do petróleo. Atualmente, os países europeus lideram a eletrificação de frotas, com metas ambiciosas de redução de gases de efeito estufa.
Curiosamente, devido ao histórico de poluição, a China é um país que avança rapidamente nessa área, tanto na produção e desenvolvimento de novas tecnologias, quanto nas vendas de veículos elétricos. De acordo com dados da Associação Chinesa de Fabricantes de Veículos, nos últimos dois anos, o número de unidades de veículos elétricos vendidas anualmente no país cresceu de 1,3 milhão para 6,8 milhões.
Em suma, a eletrificação das frotas na cadeia do frio ainda enfrenta numerosos e complexos desafios que dificultam o seu rápido avanço no Brasil. No entanto, o setor segue explorando soluções e avançando, apesar dos inúmeros entraves. Mesmo assim, com o contínuo compromisso das empresas, a constante inovação tecnológica e a implementação de políticas de apoio. Seja em soluções de eletrificação de frotas ou na aplicação de equipamentos de refrigeração híbridos, a Thermo King está preparada para atender as demandas do mercado atual e futuro, contribuindo efetivamente para um mundo mais sustentável.
Artigo de Dario Ferreira, diretor-geral da Thermo King na América do Sul