Logística como oportunidade de negócio
Empresas de outros setores investem para se tornarem operadores logísticos, pois notaram uma oportunidade ampliar sua atuação no mercado e oferecer, além de seus produtos ou serviços tradicionais, também serviços logísticos
Em meio ao boom do e-commerce, muito impulsionado pela pandemia e consequente mudança de hábitos de consumo, o setor logístico se viu “no olho do furacão”, precisando reagir rapidamente para se adaptar a uma situação nova e a um consumidor mais exigente, sem perder produtividade e mantendo-se competitivo.
E para atender essas demandas latentes, as empresas do segmento investiram e ampliaram suas estruturas internas, com investimento em ferramentas tecnológicas para suportar a operação logística, como TMS (Transportation Management System) e WMS (Warehouse Management System).
Contudo, em meio a esse mercado aquecido, empresas originalmente de outros setores notaram uma oportunidade ampliar sua atuação no mercado: oferecer, além de seus produtos ou serviços tradicionais, também serviços logísticos. O movimento de embarcadores — empresas cujo core business está em outra atividade, porém a gestão logística também é essencial — se transformarem em operadores logísticos não é mais de uma tendência, mas uma realidade e nova dinâmica de mercado.
Um exemplo dessa prática surgiu da área interna de uma das maiores produtoras de aço do país, que em 2018 criou uma empresa logística independente, com frota própria e que atende a clientes de outros ramos. Outro case interessante é uma rede atacadista distribuidora que atende todo o território nacional, que já estava operando com plataforma própria de e-commerce, e que passou a ser também um operador logístico.
Esse é um movimento interessante de se observar, uma vez que as prioridades de investimento em tecnologia costumam ser diferentes para embarcadores e operadores logísticos.
Segundo mapeamento feito pelo Índice de Produtividade Tecnológica (IPT) de Logística — estudo da TOTVS em parceria com a H2R Pesquisas Avançadas –, os embarcadores privilegiam o investimento em tecnologias para coleta e entrega de mercadorias (50%), gestão de armazenagem (46%) e sistema de checklist (40%); enquanto prestadores de serviços logísticos, por sua vez, adotam soluções voltadas para monitoramento de frota (66%), gestão de transporte (TMS) (61%) e gestão de custos logísticos (60%).
Esses dados podem direcionar os embarcadores que querem atuar como operador logístico. Antes de mais nada, é preciso fazer um diagnóstico interno bem detalhado para entender pontos fortes e fragilidades para planejar as evoluções necessárias. É fundamental compreender as oportunidades de mercado e, nessa linha, quais são os investimentos fundamentais para atender a parceiros e clientes de forma robusta, sem comprometer o atendimento logístico do próprio negócio.
O setor logístico possui uma alta capilaridade e importância para o PIB nacional. A maturidade tecnológica dos players do setor — operadores logísticos e embarcadores — é determinante para que o setor tenha mais competitividade e produtividade. No meio disso tudo, o mercado, e em especial o consumidor, só tem a se beneficiar com serviços cada vez melhores e mais eficientes.
Artigo de Angela Gheller, diretora de produtos de logística da TOTVS