18 de setembro de 2024

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Paixão cegonheira

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Categoria dos cegonheiros ainda mantém a tradição de passar a paixão de pai para filho. Setor é uma verdadeira família e a paixão pelos caminhões e pelas estradas persiste a cada geração

A Expo de Transportes do ABCD, promovida pelo Sinaceg (Sindicato Nacional dos Cegonheiros) e organizada pela Conexão Eventos, chega à sua 24ª edição. Para além de lançamentos de produtos e serviços e oportunidade para realizar bons negócios, a Feira do Cegonheiro, como também é conhecida, é um momento de confraternização e de reunião anual da família em torno do universo dos caminhões.

Uma demonstração disso é que a arte de transportar veículos zero-quilômetro tem passado de geração para geração, além de inspirar parentes de toda a árvore genealógica. O evento acontece em 26, 27 e 28 de setembro, nos Estúdios e Pavilhões de São Bernardo do Campo (Pavilhão Vera Cruz).

A história da maioria dos cegonheiros começa igual a de inúmeros profissionais brasileiros. No auge da industrialização, entre as décadas de 1960 e 1980, um parente ou amigo migraram de várias regiões do país para o Sudeste, em busca de melhores condições de vida e trabalho. Um se estabelece, chama o outro, que chama mais um.

No caso dos cegonheiros, a paixão pela estrada e por caminhões também os acompanha desde a infância. “Muitos aprenderam a dirigir em tratores, ainda menores de idade. Outros, ficavam observando os caminhões passarem na pista, sonhando com o dia em que estariam naquele lugar”, conta José Ronaldo Marques da Silva, o Boizinho, presidente do Sinaceg.

Por causa dessas histórias que se confundem, a categoria dos cegonheiros, representada pelo Sinaceg, se considera uma grande família, inclusive, com laços de sangue. A família do Boizinho é um exemplo.

No início dos anos 1970, de Maribondo, em Alagoas, veio o Clóvis Marques da Silva, seu irmão mais velho. Na sequência, chegaram outros irmãos e o cunhado, Benedito Galdino, pai do Márcio Galdino, diretor regional do Sinaceg. “Antes de se tornar cegonheiro, o pai teve vários empregos, todos ligados ao setor de transportes. Com visão empreendedora, comprou o primeiro caminhão em 1983 e começou a realizar o sonho de ser cegonheiro.”

Márcio e o irmão, Marcos Galdino da Silva, acompanhavam o pai desde criança. Seguir a trajetória do senhor Benedito foi natural. “Minha primeira viagem sozinho foi em 1991: uma entrega de veículos no Rio de Janeiro.”

O tempo passou. Deixaram a estrada, mas não a cegonha. A família Galdino tem uma transportadora, na qual trabalham, além dos filhos e filha, os netos do sr. Benedito. “Felizmente, com o trabalho que meu pai começou, conseguimos formar nossos filhos, que, hoje, ajudam a cuidar da parte administrativa da empresa”, diz Márcio Galdino, reforçando que o segmento já começa a sentir falta de mão-de-obra para a estrada. “A terceira geração não quer seguir no volante. É cada vez mais difícil encontrarmos cegonheiros com menos de 30 anos. As novas gerações mantêm os negócios da família, mas em outras atividades.”

Boizinho, o mais novo entre dez irmãos, foi um dos últimos a deixar Maribondo. Seu primeiro emprego foi como lavador de copos, no restaurante da prefeitura de São Bernardo do Campo, onde, inclusive, ganhou o apelido. “O chefe falava que eu trabalhava igual a um boi”, conta, lembrando que foi esse chefe que o ajudou a comprar o primeiro caminhão. “A partir daí, foram 21 anos de estrada, empreender na minha própria transportadora e deixar o volante para me dedicar mais ao Sinaceg.”

Boizinho está na sua quarta gestão na diretoria do sindicato, sendo quatro como presidente e uma como vice, totalizando 17 anos. Dos quatro filhos, Ronaldo, conhecido como Júnior, Régis, Renan e Carol, os “meninos” seguem os passos do pai no segmento, mas longe do volante. “O Ronaldo também herdou a vontade de lutar por melhorias para a categoria. Atualmente, é vice-presidente da Feiceg (Federação Interestadual dos Cegonheiros).”

A essas histórias, juntam-se tantas outras de famílias de cegonheiros, que fazem da Expo de Transportes do ABCD um ponto de encontro. Entre um e outro estande, lançamentos de produtos e negócios, muita diversão, conversa para colocar em dia e causos para relembrar.

Bruno Castilho

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