Liderança feminina
Segundo a RAIS (Relação Anual de Informações Sociais), um relatório de informações socioeconômicas solicitado pelo Ministério do Trabalho brasileiro, mulheres ocupando cargos de comando nas empresas tem aumentado. Além disso, o Índice de Igualdade de Gênero (GEI, de Bloomberg Gender-Equality Index, em inglês) de 2020 mostrou que, das 325 empresas pesquisadas, 39% tem metas públicas para aumentar a liderança feminina.
No transporte rodoviário de cargas essa evolução também tem ocorrido. A TransAdimax, empresa com sede em Salto de Pirapora, região metropolitana de Sorocaba, São Paulo, tem um exemplo. Sua supervisora administrativa é uma mulher.
Bruna Daniele Fidencio Nomura, de 31 anos, junto com outros dois gestores, lidera uma equipe de 269 colaboradores, dos quais 95% são homens.
Ela começou a trabalhar na empresa em agosto de 2013 como auxiliar de escritório. Em 2017 passou a exercer a função de assistente administrativa e, em abril do mesmo ano, recebeu a proposta para tornar-se supervisora do setor.
Formada em logística, desejava fazer uma pós-graduação no mesmo segmento. Porém, a oportunidade de tornar-se supervisora e lidar diretamente com pessoas trouxe a necessidade de cuidar mais do bem humano do que do operacional, o que fez com que procurasse uma pós-graduação que lhe auxiliasse na gestão estratégica de pessoas. “Nosso maior patrimônio são as pessoas, precisamos saber lidar com elas para fazer a gestão da melhor forma possível, o que fez com que me especializasse para poder exercer a função com excelência”, afirma.
Para Bruna trabalhar (neste caso liderar) em um universo predominantemente masculino como uma transportadora é desafiante. “Por trás dos desafios, existe a confiança de que tudo é possível. Acredito muito que a empatia que coloco no meu dia a dia e, principalmente, o respeito, ajudam muito a liderar esse público. Onde você se dá o respeito não tem como não ser respeitada. Saber se colocar nos momentos certos, ser determinada, traçar objetivos e ter a equipe como ‘nossa’, e não minha. Isso faz com que todos se sintam respeitados e com oportunidades de opiniões e melhorias. Desta forma, os dias e os desafios se tornam ‘leves’”.
Segundo a supervisora, um dos principais desafios que sentiu, no início, foi com relação às dificuldades encontradas na operação. “Houve uma situação, por exemplo, na qual precisei argumentar para chegar a uma conclusão e o motorista, por viver a realidade da rua enquanto eu vivo mais a realidade interna, considerava que eu não entendia e não teria justificativas para mostrar a ele que as coisas poderiam ser diferentes e melhoradas”.
“Até conquistar essa confiança e mostrar que não sabemos tudo o que eles vivem durantes os percursos, mais que estamos ali para apoiar e, juntos, resolver os desafios, foi um caminho a ser percorrido. Este foi um processo bem desafiante”, conta ela.
Bruna relata que a primeira reação dos motoristas da TransAdimax ao serem informados que teriam uma mulher os comandando foi tranqüila. “Quando assumi a supervisão, passei a dividir a missão com outro gestor, que é homem, e, juntos, fazemos um ótimo trabalho no gerenciamento da equipe. Hoje, ouço alguns comentários, dizendo que mesmo eu advertindo, consigo ser empática, educada, agradável, e que após a conversa, eles ainda saem sorrindo e satisfeitos, pois consigo motivá-los com as palavras que uso”.
A origem simples, de acordo com Bruna, a determinou a buscar seu sonho, de crescer profissionalmente. “Hoje, me sinto completamente realizada como profissional, como mulher, como esposa e como mãe. Mas sempre busco e vou continuar buscando melhorar, por mim, por minha profissão e pela minha família”.
Para ela, ser mulher, jovem e respeitada em um ambiente predominantemente masculino, de pessoas simples, como dos motoristas de caminhão, ajudantes e equipe interna, é motivo de orgulho.
“Aqui eu também vejo, diariamente, mulheres muito fortes, mulheres guerreiras, e não somente em cargos de liderança. Vejo mulheres manobrando caminhões no pátio, coisa que até pouco tempo atrás não era comum de ser vista. E ainda hoje, é uma cena que surpreende muita gente”.
Ainda sobre liderança, a supervisora diz ser fundamental cuidar das pessoas que estão sob seu comando. “O líder é aquele que dá a mão para seu liderado, que ajuda na hora que precisa, mas que também corrige na hora que precisa. Ele deve ajudar para que seu liderado sinta-se acolhido, e não que tenha um chefe a quem ele apenas tenha que obedecer”, considera Bruna. “Ter a oportunidade de exercer a liderança na TransAdimax está alinhada com o propósito da empresa, que é de promover a inclusão e a diversidade”, finaliza.
Adimax e TransAdimax
Fundada em 2002, a Adimax é uma das maiores fabricantes de alimentos para cães e gatos no Brasil. Com sede em Salto de Pirapora, região metropolitana de Sorocaba (SP), filiais em Abreu e Lima (PE), Uberlândia (MG) e Goianápolis (GO), e centros de distribuição pelas regiões Sudeste, Nordeste, Centro-Oeste e Norte do Brasil, produz mais de 300 itens em diversas categorias. Entre as marcas de destaque estão a Fórmula Natural, Origens, Magnus e Qualidy.
Por contar com uma produção e rede de distribuição tão abrangente, a Adimax fundou em 2011 a TransAdimax, seu braço de transporte para levar os produtos das fábricas aos pontos de venda. Localizada em Salto de Pirapora, mesma cidade da unidade fabril da empresa, a TransAdimax conta com uma frota de aproximadamente 100 caminhões próprios, equipe de motoristas e ajudantes treinados e capacitados para planejar e realizar a melhor logística.
Bruno Castilho
bruno@cargasetransportes.com.br